POR QUE ME CHAMAS BOM? BOM É SOMENTE DEUS! (Jesus)
Na ânsia de nos considerarmos bons, quase sempre, esquecemos que Jesus reservou o qualificativo de BOM apenas para Deus, nosso Pai, descartando até mesmo a Ele, Jesus, de merecedor desse título e honraria.
As religiões cristãs quase evitam o tema, talvez porque os seus fiéis queiram ou devam ser considerados “bons ou santos” ou talvez para não confrontarem a afirmação do próprio mestre Jesus de que ele não era Deus, já que afirmou, claramente, que Ele não era bom mas que Deus o era.
Os espíritas se reconhecem “maus” e, por isso, adotam, como linha de conduta, o “ser melhor” a cada dia. Ser hoje melhor do que foi ontem é uma faceta-realidade da reforma íntima do homem, que é núcleo básico da Doutrina Espírita.
Passado o período primário da civilização onde predominou o instinto da sobrevivência e com ele a satisfação egoísta dos instintos básicos, a humanidade passou a se preocupar com o grupo - o interesse social.
No bojo da organização social, impôs-se a questão necessária da liderança dentro do grupo para obter e manter a unidade grupal. Organizou-se o Estado para definir fins e abrangência do grupo social, mediante o Ordenamento Legal capaz de sujeitar o interesse individual ao interesse coletivo.
Daí, o evoluir para o domínio dos interesses de alguns sobre os demais, através do exercício do poder, foi coisa rápida. Surgiram as correntes políticas antagônicas, desejosas de definir o que seriam interesses coletivos.
O exercício do poder passou a representar, também, distinção, popularidade e aceitação, dessa forma promovendo o orgulho e a vaidade pessoal, além de possíveis vantagens econômicas. A disputa pelo poder acabou por distinguir classes sociais, raças e minorias dentro da comunidade e disso resultou diferenciação na distribuição dos direitos e benefícios, decorrendo o agravamento das desigualdades sociais.
A evolução econômica criou riquezas mas, quase nunca, se fez acompanhar do desenvolvimento social e, quase sempre, desprezou o cultivo dos valores éticos e morais, imprescindíveis ao melhoramento individual do ser humano. Nesse ponto, a atuação religiosa foi importante mas não foi eficiente o bastante para impor um caminho diferente. A própria religião se transformou em uma força paralela, igualmente sedenta de poder temporal.
O avanço tecnológico, por seu turno, ofereceu melhores condições de vida, mas não ofereceu paz e nem igualdade social, atrelado que sempre esteve aos detentores do capital. A tecnologia fortaleceu o poder econômico que hoje é verdadeira fonte de conflitos – revoluções e guerras – com o objetivo não declarado de dominar as fontes da riqueza que podem geram mais poder. Para muito longe foram arrastados os ideais de igualdade social e fraternidade universal.
Os meios de comunicação se efetivaram como eficientes ferramentas para a manipulação coletiva, a serviço do poder econômico. Dedicaram-se à difundir propaganda ideológica, em tempo integral, transferindo para a mente do povo a vontade de alguns, como se fossem interesses sociais. As próprias religiões, sob o apanágio das virtudes e dos valores divinos, tornaram-se grupamentos políticos que também buscam o poder temporal e atuam em sintonia com os meios de comunicação.
O capitalismo impôs ao indivíduo a obtenção de riqueza como sendo a verdadeira finalidade da vida. Vencedores e perdedores foi a dicotomia adotada para significar evolução individual, aferida pelo acúmulo de bens.
Nesse ponto, destoa a Doutrina Espírita, eis que ressalta os valores éticos e morais como virtudes a serem buscadas para a evolução individual e como única finalidade da vida humana. Perante o espiritismo vencedores são os que praticam as virtudes e os que compreendem a unidade do homem como ser espiritual que vem â Terra para aprender e evoluir.
O exercício do poder, mesmo diante das correntes políticas que o desejam, não está vedado aos que professam o conhecimento espírita, antes se coloca como oportunidade desejável, diante do objetivo maior de transformação da sociedade pelo bem estar social, nele incluídos o cultivo da ética, da moral e a renovação de ideais políticos egoístas e ultrapassados.
Um espírita pode e até deveria ter participação política, eis que já adotou a reforma íntima como parâmetro de crescimento individual e, assim, impregnado está do desejo de promover o bem estar social, sem distinção de raça, classes sociais ou condição minoritária no grupo.
Nós espíritas, se não “somos bons”, tornamo-nos melhores a cada dia e estamos focados nos ensinamentos éticos e morais de nosso mestre Jesus.
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