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Eusébio, Ceará, Brazil
Nasci no ano de 1940 e sou um velho espírita que vive no Brasil.

terça-feira, 15 de março de 2016

O ESPÍRITA E A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA


POR QUE ME CHAMAS BOM? BOM É SOMENTE DEUS! (Jesus)

Na ânsia de nos considerarmos bons, quase sempre, esquecemos que Jesus reservou o qualificativo de BOM apenas para Deus, nosso Pai, descartando até mesmo a Ele, Jesus, de merecedor desse título e honraria.

As religiões cristãs quase evitam o tema, talvez porque os seus fiéis queiram ou devam ser considerados “bons ou santos” ou talvez para não confrontarem a afirmação do próprio mestre Jesus de que ele não era Deus, já que afirmou, claramente, que Ele não era bom mas que Deus o era.

Os espíritas se reconhecem “maus” e, por isso, adotam, como linha de conduta, o “ser melhor” a cada dia. Ser hoje melhor do que foi ontem é uma faceta-realidade da reforma íntima do homem, que é núcleo básico da Doutrina Espírita.

Passado o período primário da civilização onde predominou o instinto da sobrevivência e com ele a satisfação egoísta dos instintos básicos, a humanidade passou a se preocupar com o grupo - o interesse social. 

No bojo da organização social, impôs-se a questão necessária da liderança dentro do grupo para obter e manter a unidade grupal. Organizou-se o Estado para definir fins e abrangência do grupo social, mediante o Ordenamento Legal capaz de sujeitar o interesse individual ao interesse coletivo.

Daí, o evoluir para o domínio dos interesses de alguns sobre os demais, através do exercício do poder, foi coisa rápida. Surgiram as correntes políticas antagônicas, desejosas de definir o que seriam interesses coletivos. 

O exercício do poder passou a representar, também, distinção, popularidade e aceitação, dessa forma promovendo o orgulho e a vaidade pessoal, além de possíveis vantagens econômicas. A disputa pelo poder acabou por distinguir classes sociais, raças e minorias dentro da comunidade e disso resultou diferenciação na distribuição dos direitos e benefícios, decorrendo o agravamento das desigualdades sociais.

A evolução econômica criou riquezas mas, quase nunca, se fez acompanhar do desenvolvimento social e, quase sempre, desprezou o cultivo dos valores éticos e morais, imprescindíveis ao melhoramento individual do ser humano. Nesse ponto, a atuação religiosa foi importante mas não foi eficiente o bastante para impor um caminho diferente. A própria religião se transformou em uma força paralela, igualmente sedenta de poder temporal.

O avanço tecnológico, por seu turno, ofereceu melhores condições de vida, mas não ofereceu paz e nem igualdade social, atrelado que sempre esteve aos detentores do capital. A tecnologia fortaleceu o poder econômico que hoje é verdadeira fonte de conflitos – revoluções e guerras – com o objetivo não declarado de dominar as fontes da riqueza que podem geram mais poder. Para muito longe foram arrastados os ideais de igualdade social e fraternidade universal.

Os meios de comunicação se efetivaram como eficientes ferramentas para a manipulação coletiva, a serviço do poder econômico. Dedicaram-se à difundir propaganda ideológica, em tempo integral, transferindo para a mente do povo a vontade de alguns, como se fossem interesses sociais. As próprias religiões, sob o apanágio das virtudes e dos valores divinos, tornaram-se grupamentos políticos que também buscam o poder temporal e atuam em sintonia com os meios de comunicação.

O capitalismo impôs ao indivíduo a obtenção de riqueza como sendo a verdadeira finalidade da vida. Vencedores e perdedores foi a dicotomia adotada para significar evolução individual, aferida pelo acúmulo de bens.

Nesse ponto, destoa a Doutrina Espírita, eis que ressalta os valores éticos e morais como virtudes a serem buscadas para a evolução individual e como única finalidade da vida humana. Perante o espiritismo vencedores são os que praticam as virtudes e os que compreendem a unidade do homem como ser espiritual que vem â Terra para aprender e evoluir.

O exercício do poder, mesmo diante das correntes políticas que o desejam, não está vedado aos que professam o conhecimento espírita, antes se coloca como oportunidade desejável, diante do objetivo maior de transformação da sociedade pelo bem estar social, nele incluídos o cultivo da ética, da moral e a renovação de ideais políticos egoístas e ultrapassados.

Um espírita pode e até deveria ter participação política, eis que já adotou a reforma íntima como parâmetro de crescimento individual e, assim, impregnado está do desejo de promover o bem estar social, sem distinção de raça, classes sociais ou condição minoritária no grupo.

Nós espíritas, se não “somos bons”, tornamo-nos melhores a cada dia e estamos focados nos ensinamentos éticos e morais de nosso mestre Jesus.


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sábado, 12 de março de 2016

BOLO DE FUBÁ FEITO NA PANELA DE PEDRA

Lembranças da vovó. Hoje acordei lembrando da minha vó, mãe da minha mãe, a vovó "Lóra" como era conhecida por todos a Da. Laurentina Cavalieri da Costa, única das avós com quem convivi até os seis anos de idade. Ela era italiana e tinha vindo para o Brasil com dois anos de idade, segundo me disseram. Morou, inicialmente em Petrópolis-rj e depois se estabeleceu na Zona da Mata de Minas Gerais - região de Manhumirim e Manhuaçu. Vivi com ela no Distrito de Assis Brasil. Os fatos que vou narrar trazem consigo 70 anos de saudade e agradecimento.

Não me recordo, claramente, da sua fisionomia, mas me vem à mente uma senhora clara, de cabelos grisalhos, presos em coque e que se afanava por todo lado para dar conta de uma casa com sete filhos, marido e agregados (netos: eu, minhas irmãs, meu pai, além da minha mãe). Antigamente era comum viverem as famílias reunidas, sob o comando da "mama"-matriarca, o que facilitava tomar conta dos roçados do fazendeiro, dono das terras. Ah! havia empregados solteiros que, também, dividiam o espaço da casa e "quase" faziam parte da família.

Mais claras são as lembranças de andarmos atrás da vovó, os pequenos da casa, implorando para que ela fizesse broa ou bolo, enquanto ela procurava, meio impaciente, livrar-se dos pirralhos, em face do muito serviço da casa, onde moravam mais de dez pessoas. Quando assentia, até para se livrar de nós, dizia: Vão catar os gravetos (pedaços de galhos, menores) para fazer as brasas.

O grande fogão de barro e grelha de ferro nunca se apagava porque as lidas da cozinha se emendavam entre o preparo de comida: café da manhã, às 5.00/6.00 horas, almoço, às 10,00 horas, jantar às 05.00/6.00 horas da tarde, ceia (refeição noturna) lá pelas 07.00/08.00 horas da noite. No espaço da tarde era hora de preparar as quitandas (pães, bolos e outros) necessários para o café da manhã e da tarde e, ainda, para colocar na sacola para as pequenas viagens de alguém. Não posso esquecer que o fogão era, também, a lareira a que recorrer nas noites friíssimas das minas gerais, naquela região de serras.

"Apanhar os gravetos" era a palavra mágica que colocava as crianças em debandada pelos arredores da casa, cada um esmerando-se em catar mais e melhores galhos secos.  E não adiantava catar pouca coisa, tinha que voltar a catar mais porque o sistema de assar o bolo era cobrir uma caçarola de pedra, tapada, com a massa dentro, espalhando as brasas ao redor e por cima. Tinha que ser muita brasa. Esqueci de dizer que o "untar" a panela por dentro para o bolo não agarrar era substituído por colocar folha de bananeira, bem tenra, para se amoldar ao feitio da panela. Depois de pronto, era só descolar a folha de bananeira e se deparar com aquela iguaria que enchia os nossos olhos de criança. Parecia mágica.

Um tempo que não era fácil porque não havia água encanada, luz elétrica, banheiro, etc. etc. Luxo necessário era ter máquina de costura, animais de montar e "charrete", essa última, coisa de rico. 

As coisas da vida simples da roça enchiam de alegria a vida de todo mundo. À noite não faltavam as histórias de saci-pererê, mula-sem-cabeça, almas-penadas e outras que aterrorizavam as crianças e, hoje, acho, aterrorizavam mais os adultos que as crianças. Aos sábados e domingos, as pessoas se reuniam entre vizinhos de propriedades, trocavam as coisas, cavalos, arreios, esporas, porcos, cabritos, vacas, touros, enfim, qualquer coisa que tivesse algum valor era mercadoria para as "barganhas", método de negociar sem envolver dinheiro como parte principal. Até porque dinheiro era coisa que quase ninguém via e quando existia era amoitado debaixo do colchão ou dentro dele. As barganhas eram objeto de toda conversa de homens reunidos, quer para realiza-las, quer para comentar sobre quem deu e quem levou "manta", vantagem ou prejuízo, em tal ou qual negócio. Nas conversas brincalhonas até surgia história de alguém que barganhou a mulher... mas isso devia ser piada mesmo.

Havia muita alegria e as pessoas riam alto e gostosamente. Por vezes, até as gargalhadas se tornavam alvo de outras risadas, por suas particularidades. As crianças brincavam de roda ou de pique e, não raro, os adultos se reuniam aos menores e todos brincavam, antes de irem dormir.  Para deitar era suficiente lavar os pés, sempre descalços, as mãos e o rosto.

Viver era difícil, sobreviver era uma meta. Em todas as casas morriam crianças de uma doença ou outra, mais por falta de médicos e remédios. Um farmacêutico (leigo) ou um tratador, muitas vezes não davam conta de devolver a saúde dos pequenos. A má nutrição era outro problema a considerar.

Mas hoje quero agradecer à vovó "Lóra" pela sua dedicação ao seu grupo familiar e pelo quanto despendeu da sua vida e saúde para que todos nós estivéssemos bem.  Ela era a última a deitar e a primeira a acordar, lá pelas quatro horas da manhã. Nem para morrer ela disperdiçou tempo do seu dia atarefado. Um dia, não acordou antes do galo cantar, tinha morrido dormindo.

Obrigado vovó! A sua vida foi muito valiosa entre nós e Deus já deve te-la recompensado.


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terça-feira, 8 de março de 2016

MINHAS MÃOS - PRECE

AS MINHAS MÃOS

Oh! Senhor!
Abençoe as minhas mãos!
Elas foram feitas para segurar
As mãos dos que precisam de apoio.
Para tranquilizar os inquietos e inseguros.
Minhas mãos podem ser ternas ou fortes,
Podem animar o quebrantado ou transmitir
A paz e o equilíbrio ao aflito.
Minhas mãos podem alcançar o solitário
E faze-lo sentir a presença do amigo.

Oh! Senhor!
Abençoe as minhas mãos! 
Elas se abrem generosamente
Para dar, partilhar e abençoar.
Quando o meu coração me diz
Que há uma necessidade a suprir,
Minhas mãos se unem às mãos do próximo
A fim de ajudar e preencher essa carência.
Minhas mãos podem ser o suporte
Como também a serenidade.

Oh! Senhor!
Abençoe as minhas mãos!
Elas foram feitas para realizar
Tudo que seja necessário.
Elas podem renovar e restaurar
Tudo que deva ser melhorado e transformado.

Oh! Senhor!
Abençoe as minhas mãos!
Ponha-as,voluntárias e conscientemente ao Seu serviço,
Para que sejam usadas como um instrumento útil
No amoroso serviço de Deus!

(autor desconhecido)