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Eusébio, Ceará, Brazil
Nasci no ano de 1940 e sou um velho espírita que vive no Brasil.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

CRIANDO REALIDADES

Que é o homem mortal para que dele Te lembres?
No entanto, um pouco menor que os Anjos o fizestes. 
(Salmos 8:4-5.)


Há um filme que cada um assistirá sozinho. Será um filme alegre ou triste, segundo a própria percepção de quem o assiste. 

Trata-se do filme da nossa vida atual. Fatos importantes e situações aparentemente banais desfilarão ante os nossos olhos como fatos reais sobre os quais não poderemos mais interferir. Não é um julgamento. Não haverá juízes ou tribunais e nem uma sentença de condenação ou absolvição. O julgamento será o da própria consciência e dele decorrerá o estado mental de felicidade ou infelicidade que se seguirá. 

São infinitos os recurso de que dispomos para produzir esse filme das nossas vidas. Cada escolha que fazemos gera nova sequência desse filme.

Suponhamos dois jovens que decidem se casar e morar no interior para criarem os filhos em maior contato com a natureza.  São o mesmo par de pessoas que pode resolver viajar para o exterior para cursar faculdades, mestrados, doutorados ou para desenvolver um projeto científico. Esses jovens estariam diante de roteiros alternativos para o filme das suas vidas. Estariam criando as suas realidades.

Cada decisão é uma opção diante de uma encruzilhada. Estamos sempre criando a realidade atual e futura das nossas vidas.

Somos viajantes no tempo das nossas consciências. A única bagagem que carregamos é a bagagem mental resultante das nossas escolhas e decisões.

Ninguém está posto diante de um destino que outros traçaram.

E não cabe falar em heranças, nem mesmo nas heranças genéticas. Estas se restringem ao corpo físico e são resultantes das necessidades de conformação ao aprendizado necessário do Espírito. O que percebemos como qualidades ou defeitos, sinais marcantes em determinadas famílias, são resultantes das afinidades pessoais, que agruparam Espíritos de características similares. 

É como seres espirituais que vivemos a experiência de cada vida - encarnação ou reencarnação - na Terra. E é como Espíritos que deixamos a vida "rolar" ou  tomamos consciência dessa tremenda viagem e da sua finalidade. 

As pessoas que nos cercam formam o grupo de alunos de uma mesma classe escolar, onde professores e discípulos se misturam e nem sempre se distinguem nessa arte de ensinar ou aprender, que é a realidade do viver. Todos aprendem e quase todos ensinam.

Ninguém é maior ou melhor que ninguém. Somos todos viajantes de um mesmo trem. Uns viajam de primeira classe agora, mas viajarão, também, ou até já viajaram, nos vagões menos espaçosos dessa mesma composição. 

Em tudo há aprendizado e igual oportunidade de crescer espiritualmente.

Eu me preocupo com o filme que estou produzindo.

O resto é vaidade, como o disse O Rei Sábio ao iniciar o seu livro:


VAIDADE DAS VAIDADES! VAIDADE DAS VAIDADES!

TUDO É VAIDADE! 

(Eclesiastes 1:2.)


terça-feira, 16 de outubro de 2012

O SOL NÃO NASCEU QUADRADO


Ficar preso 24 horas, como "quase" preso político, é uma outra história que eu preferia que não houvesse acontecido. Entretanto, passados 50 anos, concluo que, apesar dos percalços e momentos angustiosos, aquela época da mocidade foi um lindo pedaço da minha vida que eu teimava em não querer viver, daquela forma...

A minha prisão ocorreu menos de 3 meses depois que chequei a Astorga, no Norte do Paraná, para trabalhar no Banco do Brasil. A agência contava apenas com 8 funcionários efetivos e mais 4 mandados como adidos temporários.

Corria o ano de 1964, ano em que ocorreu o GOLPE MILITAR e a instalação da DITADURA MILITAR que duraria 21 anos no Brasil. Os generais haviam assumido o poder civil e político e o País passava por prisões em massa e perseguições de toda ordem, utilizando das forças militares e policiais, visando políticos e outros interesses que se mesclavam naquele momento confuso. Todos os militares do País passaram a condições de autoridades incontestáveis. 

Na pequeníssima Astorga, então pouco mais que um aglomerado rural as coisas continuavam calmas até que originou um movimento para prender pessoas contrárias ao golpe militar. Seria a oportunidade da cidade alcançar alguma notoriedade e ser notícia regional, naqueles momentos de turbulência.

Na elaboração de uma lista de "comunistas" não poderia faltar as pessoas atuantes no recém-criado Sindicato dos Bancários por acaso composto totalmente em sua diretoria por funcionários da pequena agência do Banco do Brasil.

Numa tarde, após o expediente encerrado as 17.30 hs de uma sexta-feira, lá estavam postados à frente do Banco o Sargento e um soldado da policia militar tendo em mãos uma lista de nomes numa folha de papel.  Foram recolhidos à prisão 7 funcionários cujos nomes ali constavam. A prisão era uma casa comum com grandes nas portas e janelas, que apenas se destinava a recolher algum bêbedo que incomodasse a população. 

Eu, como recém chegado, nem sabiam o meu nome, então fiquei fora da lista. No entanto, o subgerente Sr. Walter Rossi convocou os 5 funcionários restantes para debater a situação que obrigaria o Banco a cerrar as postas no expediente seguinte, na segunda feira. 

Entre os assuntos discutidos estava a necessidade de mandar alimentos para os colegas presos, já que a "delegacia" não tinha condições para fornecer alimentação aos presos.  Após a "vaquinha de praxe" veio a questão sobrem quem levaria os alimentos até a cadeia. Eu me ofereci para o serviço.

Ao chegar à delegacia, o sargento abriu a porta e mandou que eu entrasse para entregar a comida. A porta foi fechada e eu fiquei preso também. Ficamos ali, num cubículo de uns 6 m2, doze pessoas - 8 funcionários do Banco e mais quatro trabalhadores rurais detidos por outras causas.  O espaço não era suficiente para todos deitassem à noite, no chão duro de cimento, além do que a ninguém foi oferecida água ou a oportunidade para ir ao banheiro... 

Enquanto lá estivemos por umas 18 horas, algumas arbitrariedades (as mais significativas) ainda são lembradas facilmente. Lembro que os soldados espancavam prisioneiros sob as nossas vistas e, nesse trabalho, iam se revezando os soldados: o que cansava de bater saí e entrava na cela outro descansado. Como humilhação escolheram entre os colegas do BB um que tinha curso de Direito e "debochando" disseram: Você é advogado e merece regalias: vai lavar toda a cadeia esfregando o chão com água e sabão. E assim foi feito sob risos e deboches.

Por volta das 10.00 hs. da manhã do sábado fomos transferidos para a Cidade de Maringá-Pr. onde havia a delegacia mais próxima, para que lá fossem registradas as prisões. Ali ficamos o resto do dia, igualmente sem receber água ou alimentos. O corrido expediente daquele dia na Delegacia de Maringá não permitiu que se lavrassem os autos de prisão.  Já pelo fim do dia, mediante a interferência de um Inspetor do Banco do Brasil que se encontrava em serviço na Cidade, foi conseguida, junto à autoridade militar da região, a liberação dos detidos, após ser constatado, que não ordem judicial ou militar para as prisões.

Numa kombi retornamos a Astorga, abatidos, famintos e desmoralizados. Como seria adequado fomos todos fotografados para a edição de domingo do jornal regional de Maringá e para ilustrar a contracapa de revista Panorama, de Curitiba com a MANCHETE "Presos um time de comunistas em Astorga-pr".

A vida continou pacata e rotineira na cidadezinha de Astorga-pr. Claro que o Sindicato dos Bancários foi fechado na Cidade. Apenas nós, simples funcionários do BB, ficamos às voltas com dezenas de pedidos de explicação sobre as prisões ocorridas, como procedimento da disciplina interna do Banco do Brasil, onde havia um interventor militar, um Coronel, que se postava no mesmo gabinete do Presidente  do BB, em Brasília-DF, para as perseguições então de praxe em todas as Estatais e Autarquias Federais.

Nesse relato, omito os pensamentos e sentimentos psicológicos porque eles eram os piores possíveis com relação aos "algozes" daquela hora e quanto ao medo de ver encerrada uma carreira profissional para a qual tanto havia me preparado e com ela sonhado.

Nem vimos o sol nascer quadrado porque a minúscula cela não tinha janelas e o sol da manhã não era um privilégio naquelas circunstâncias. O sol nasceu redondo como sempre foi, mas nem vimos.


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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Astorga-Pr e a Santa Saída.

Muitas vezes uma coisa que não queremos e que somos forçados a admitir será de grande relevância para as nossas vidas. Aconteceu assim comigo quando acabei indo morar em Astorga, uma linda Cidade do Norte Paranaense, hoje também conhecida por ser a Cidade de origem da dupla Xitãozinho e Xororó. 

Eu morava no Rio de Janeiro e fui aprovado no concurso para o Banco do Brasil, devendo tomar posse em Astorga-Pr. A alegria de passar no concurso ficou empanada pelo espanto de ter que morar numa Cidade até difícil encontrar no Mapa do Brasil. Nem sabia que a Região Norte do Paraná era, naquela época de 1964, o grande "El Dourado" da produção agrícola. Suas terras denominadas como a mancha roxa do Paraná atraíam fazendeiros de todo o Brasil, devido a alta produtividade agrícola, num tempo em que o adubo químico npk era muito pouco conhecido.

Relutei. Recorri o quanto pude e até pedi ajuda aos políticos a quais tive acesso, inclusive o Sr. Ministro da Agricultura da época. Tudo em vão. Astorga era o meu destino que, na juventude, me parecia um destino sombrio e implacável, longe das minhas queridas praias cariocas. Parecia uma punição.

Muito chateado, lá fui eu cumprir a minha sina. Se tristeza matasse... Dormi toda a viagem de 16 horas até Londrina (a 60 km do meu destino final). Londrina também não era a bela cidade de hoje que rivaliza com a bela Capital Paranaense. Na época, me pareceu muito suja e empoeirada.

Cheguei ao meu destino no pior ônibus que conheci, apos andar 60 km, na pior estrada que poderia imaginar. Poeira e buracos, salteados por paradas em cada "carreador" - estrada no meio da lavoura - do trajeto. As ruas de Astorga, apesar de largas, como convém, eram todas de terra batida. A poeira que se levantava com a passagem de um veículo só perdia para a poeira de Brasília, a nova Capital do País, ainda em plena construção. Cada carro que passava levantava uma verdadeira nuvem de poeira a qual, com muita sorte, baixaria ao solo antes de passar o próximo carro. Resultado, eu que sempre fora alérgico a poeira, dessa vez, ou me curava ou morria ali mesmo. Como não planejava morrer, andava com um lenço molhado que colocava no nariz, sempre que necessário, nos percursos de casa ao trabalho e do trabalho para casa. Havia quem achasse graça...

Quase esqueço de dizer que os táxis eram charretes puxadas por  cavalo e que faziam ponto na improvisada rodoviária. Esse foi o meu primeiro passeio pela Cidade, necessário para chegar ao Grande Hotel, na praça central, uma área de terra com uma passagem "pisada" no meio que ia até à porta da Igreja. Lembro-me que o primeiro olhar sobre as extensas áreas verdes das lavouras na  planura, quebrada aqui e ali, por pequenas ondulações, me traziam à lembrança o mar e suas ondas mais distantes.

Após uma tomada de realidade, comecei a curtir as coisas boas da minha nova situação. Morar numa república de rapazes era algo bem diferente e até agradável. Paguei pedágio de entrada, paguei trotes de bebidas... enfim, me deslumbrou a total liberdade de rapaz, que podia voltar pra casa se e quando quisesse, sem ouvir comentários desairosos. Era interessante aquela  solidariedade que rola entre pessoas presas a um destino inesperado.

Lembro-me de dois eventos a que compareciam toda a turma jovem da Cidade. Ninguém perdia a única sessão do cinema no domingo á noite e nem, mais cedo, às 10 horas da manhã, a santa-saída. Como se fosse algo já combinado, a santa saída funcionava assim: As moças iam todas para a missa das 10 horas e os rapazes, quase nada religiosos, postavam-se na alameda central da praça, formando uma improvisada passarela - Era a Santa Saída. As moças em suas melhores roupas e sapatos passavam altivas, sabendo-se admiradas. Os cumprimentos e sorrisos discretos eram um prêmio apenas para os rapazes preferidos, os quais, via-de-regra, aproveitavam a deixa e acompanhavam as meninas até às suas casas, tudo no maior respeito e cordialidade. Os demais iam para o boteco próximo comentar sobre a beleza das suas preferidas,  para as quais dedicaram sorrisos e discretas piscadelas.  Alguns pais zelosos não apreciavam aquele ritual de aproximação e proibiam suas "jóias" de sorrirem ou olharem para os lados e, para segurança, seguiam a pequena distância, atentos ao menor deslize.

Morei em Astorga por seis anos. Lá me casei e voltei ao Rio com duas filhas que lá nasceram. Fui morar em Niterói, outra cidade que adoro, até porque lá criei todos os meus filhos. Quando voltei para o Rio, Astorga já tinha suas ruas quase todas asfaltadas, praça ajardinada e novos bairros iam surgindo. Ninguém se lembrava mais da poeira e da falta de luz constante dos meus primeiros dias ali. Deixei lá muitas amizades que se distanciaram, mas que ainda vivem na saudade.

O Banco do Brasil era um catalizador de interesses e o principal órgão que fomento do grande progresso de toda a Região Norte do Paraná. Nós os funcionários nos sentíamos orgulhosos de fazer parte daquele progresso da Cidade e do País, que se mostrava a olhos vistos. Não éramos apenas funcionários do banco, além de uma grande família, éramos queridos e respeitados por toda a população. Os jovens funcionários, quase todos solteiros, eram, também, bons partidos para as "moçoilas casadoiras".

Ficar preso 24 horas, como "quase" preso político, é uma outra história que conto depois.

Tempo bom. Um lindo pedaço da minha vida que eu teimava em não querer viver, daquela forma...



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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

BELOS ENSINAMENTOS DE JESUS

O mestre Jesus nos deixou toda uma doutrina baseada no amor e no perdão. Va

Ensinou-nos desprendimento dos bens materiais e a dar o devido valor ao princípio espiritual que é a própria essência do nosso ser. Não há ensinamento mais conciso e objetivo que este: De que vale ao homem ganhar o mundo e perder a sua alma?

Outro profundo ensinamento do Mestre Jesus decorreu do episódio da mulher adúltera que devia ser apedrejada em praça pública. Os religiosos da época armaram uma cilada para que Jesus desse o perdão à mulher e, assim, se posicionasse contrário à Lei de Moisés que prescrevia, para o caso, a pena de morte.

A mulher fora pega em adultério e devia ser apedrejada em praça pública. Jesus ouviu o que diziam os acusadores. Não defendeu a mulher, nem para dizer que o adultério requereria um parceiro igualmente responsável pelo ato. Perante a Lei apenas a mulher era culpada e devia sofrer o apedrejamento em ato público.

Parecia um "beco sem saída", como dizemos hoje em dia. Se Jesus absolvesse a mulher descumpriria a Lei de Moisés. Condena-la seria derrogar os seus próprios ensinamentos sobre a necessidade de perdoar sempre. Ele, calmamente, escrevia no chão.

Em dado momento, Jesus levanta o olhar e diz a sentença mais profunda, em termos subjetivos, de todo o seu ensinamento: Quem estiver sem pecado que atire a primeira pedra! Dito isto, voltou a escrever tranquilamente no chão. E aconteceu que a multidão se dispersou, a começar pelos mais velhos dos que ali estavam reunidos. Quando já não havia ninguém na praça, Jesus levanta os olhos e pergunta à mulher: Onde estão os teus acusadores? E acrescenta: Ninguém te condenou? Também eu não te condeno! Vai e não peques mais!

Eu fico pensando no quanto do amor de Jesus que inundou o coração daquela mulher, que estivera já condenada a morte, de forma inapelável. 

Se algum de nós estivesse naquela assembléia, estaria em condições de atirar a primeira pedra?

Em outro ensinamento o Mestre nos exorta: Não julgueis para não serdes julgados!



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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Salve Francisco!

Ele nasceu com o nome de João  Pedro "Giovanni di Pietro di Bernardone" e conquistou o apreço de toda a humanidade como São Francisco de Assis (Assis 5 de julho de 1182 - 3 de outubro de 1226). 

Era de origem rica e nobre mas de tudo abriu mão para conviver com os pobres e com os necessitados, preferindo viver o amor, em total contemplação do belo e da vida que se expressam nas plantas, nos animais e na natureza.

Um dia desses me referi a São Francisco de Assis e um amigo disse que o processo de sua canonização ainda não havia sido concluído. Entretanto, as fontes da internet dizem que ele foi canonizado em 1228, dois anos após a sua morte. Nada mais justo que assim fosse, para um homem que já era considerado santo pelos próprios homens que com ele conviviam.

O que importa é que os cristãos do mundo inteiro o adotam como um Santo. Em nosso País, foi adotado como Patrono dos Animais e da Ecologia e tem templos  consagrados em quase todas as cidades.

O homem Francisco de Assis, certamente não aceitaria o título de Santo, caso fosse consultado. A sua humildade não lhe permitiria aceder a tal honraria dos "homens" e, nessa humildade, bem nos faz lembrar um outro Chico, de nossos dias que, até na morte, não quis constranger a ninguém, pedindo para morrer num dia em que todos estivessem felizes, o que de fato ocorreu.

O nome de Francisco o recebeu por tratamento carinhoso de seus conterrâneos que o designavam como o pequeno francês, diante o fato de que sua família se mudara para a França, durante a sua infância.

A reforma íntima do jovem Francisco é a marca de sua fé em Cristo. Quando abriu mão de riquezas e poder, em plena juventude, credenciou-se para ser visto como um vencedor das ilusões e dos prazeres terrenos e consagrar-se como exemplo vivo do ensino de Jesus, que exortou o jovem rico a vender os seus bens e doá-los aos pobres, para alcançar o Reino dos Céus.

São Francisco amava o belo, as artes, a música e toda a criação de Deus, da qual se sentia irmão. Irmão do Sol, da Lua, das Estrelas, do Mar, do Vento, das Árvores, dos Animais e de todos os seres humanos, principalmente, identificado com os que eram banidos da convivência da sociedade, como era o caso dos inválidos e leprosos de sua época. 

Um ser dessa estirpe parece fora da realidade do nosso Planeta Terra, onde  vemos os homens se digladiarem por bens e poder.

Entretanto, um jovem Frade, maltrapilho, que admitia a pobreza como forma de viver, que pregava pelas estradas e que conversava com animais e plantas, deve ter sido um estorvo, uma pedra no sapato, de uma Igreja ávida de riqueza e poder, como o era a Igreja Católica de toda a Idade Média. 

Considero provável que seus Superiores lhe hajam consignado uma igrejinha caindo aos pedaços, justamente para acomodá-lo em um canto e para que, ocupando-se em restaurá-la, visse naquele trabalho a concretização da visão que tivera de sua missão de  restaurar a Igreja de Cristo. Com um pouco de imaginação dá para admitir que os poderosos gracejavam: Deixa que o pobrezinho, "il poverello d'assisi" se ocupe com sua igrejinha, suas rosas e seus pássaros!".

São Francisco de Assis via bondade em todas as criaturas e, com esse pensamento, inverteu o entendimento de que o homem era mau por natureza e índole, desde o nascimento.

Suas orações são verdadeiros poemas. Entre elas a mais admirada é a que chamamos Oração de São Francisco de Assis:


Senhor!

Faz de mim um instrumento da Tua paz!
Onde houver ódio, faz-me levar o teu amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver a discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
Onde houver erros, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza. que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a Tua luz.

Ó, Mestre Divino!

Faz com que eu procure mais:
Consolar que ser consolado.
Compreender que ser compreendido.
Amar que ser amado.
Porquanto é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive,
Para a verdadeira vida.



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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

QUEM É O VICIADO?

Sempre culpamos alguém por nossos erros e falhas: colegas, amigos, inimigos e, principalmente, nossos pais e familiares. Tudo isso numa forma inconsequente de pensar, distanciando-nos de perceber que o erro está em nós mesmos, na forma que lidamos com os fatos. 

É assim com os nossos vícios, quando sempre buscamos culpar alguém sem admitirmos que, muitas vezes, nós os cultivamos como se fossem as melhores coisas da vida. Nem mesmo o mal que possam causar á saúde constitui entrave ao deleite de satisfazer a esses nossos "prazeres ou necessidades". 

Todos temos algum vício do qual seria bom nos libertarmos. Alguns vícios são mais visíveis e manifestos, outros estão menos expostos porque se situam no plano subjetivo, como o são o hábito de julgar e o hábito de culpar outros pelos nossos infortúnios ou insucessos.

Uma forma de pensar errada diante dos vícios é a de pretender que a morte fará cessar aquela dependência. De repente, estarei livre desse vício que me subjuga e que é superior à minha vontade, é o que pensamos.  Essa mentira é sugerida pela mente que deseja aliviar a tensão emocional do erro ou mau procedimento.

A morte física rompe os laços que prende o Espírito ao corpo. Este,  como quem apenas trocou de roupa, após o banho, segue vivo. No entanto, em sua bagagem mental, levou consigo suas virtudes, seus acertos, seus erros, seus gostos e afinidades e, também, os seus vícios.

Sem querer atribuir valor ou importância aos vícios, as dependências do fumo, do álcool e das drogas químicas que seguem com a alma, estarão muito agravadas porque ela já não terá acesso ao meio físico, por si mesma, para satisfazer aquelas necessidades. 

É normal criarem-se parcerias obsessivas entre encarnados e desencarnados que cultivam os mesmos vícios, onde uma parte induz a outra e ambas se satisfazem. Além do vício em si, esse relacionamento pode ser uma porta aberta para o plano astral que possibilitará a entrada de outras energias menos desejáveis. Muita infelicidade pode entrar por aí.

O corpo não tem desejos, sentimentos ou emoções, quem os tem é o Espírito que o habita. O corpo é a ferramenta de que se vale o Espírito para se expressar no meio físico e, através da qual, percebe as sensações e os prazeres aqui disponíveis. Portanto, é o Espírito que cultiva essas sensações e que comanda o corpo para a necessidade de satisfaze-las.

Quem tem vícios precisa ter clara a sua mente sobre: 


Quem é o viciado? 



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terça-feira, 2 de outubro de 2012

CADA DIA É UMA GOTA DE SABEDORIA

Quando precisamos nos encontrar com os ensinamentos espíritas, parece que a vida vai nos colocando diante dos fatos que a isso nos conduzem: Seja um livro, um papo ao acaso com uma pessoa desconhecida ou uma doença estranha que os médicos não conseguem diagnosticar. 

Na verdade, um fato aqui outro ali e lá vamos nós nos aproximando das verdades espíritas. Assim, de repente, estamos nós diante de algo muito maior e de uma nova realidade, sob a qual vivemos, que nem nos dávamos conta, que é a realidade do mundo físico e do mundo espiritual que, longe de serem realidades separadas e compartimentadas, na verdade se tocam e se interpenetram.

A realidade espiritual, de tão forte e contundente presença em nosso cotidiano, até nos choca, num primeiro contato, no entanto, o nosso intelecto nos impulsiona para compreender sobre o mundo em que vivemos e sobre o mundo em que viveremos após essa passagem pela Terra.

Passamos a compreender as trocas energéticas entre as pessoas e entre esses mundos ou realidades. Passamos a entender que cada pessoa precisa equacionar suas defesas para neutralizar o "mal" que nos queira atingir.

Por exemplo: Uma pessoa que sem mais nem menos sente-se esgotada, sem nenhum esforço que o justifique, pode estar sendo drenada em suas energias vitais por outra pessoa ou por uma entidade espiritual. Com o aprendizado espírita tomamos ciência dessas e de muitas outras circunstâncias que podem trazer desequilíbrio para a vida e a saúde do ser humano.

Todas as religiões e crenças são partes de uma verdade total: A verdade de Deus. Felizes os que não se fanatizam em defesa de pontos de vistas por serem, contraditórios de outras idéias. A verdade está espalhada pelo Universo  e se manifesta sob diversas formas de revelação. 

O amor de Deus resplende em tudo que foi criado e resplende, também, em tudo que é forma de manifestação do amor.

Vamos colocar a verdade como sendo um pote de ouro só alcançável com o saber e a virtude. A ciência pode vislumbrar a verdade, através do saber mensurável e. ainda ssim, não compreende-la. A religiosidade pode caminhar pela linha do saber espiritual, mas carecer do saber da ciência e da prática das virtudes, todos necessários.

Deus é Único. A vida é única. O saber a todos acessível está, no entanto, espalhado pelo Universo. Não será alcançado no ensino limitado do sectarismo. 

Quando o sábio afirmou que "só sei que nada sei" não estava manifestando perplexidade ou simples ignorância, mas sim, que chegara perto da verdade mas que havia muito que aprender.




Viver é aprender e evoluir !


Cada dia nos reserva uma gota de sabedoria !



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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A Igreja Dentro da Igreja



Eu já viajei por lugares lindos. Enumerá-los seria até difícil e, pior seria, se pretendesse escolher o mais belo ou o mais significativo. Costumo dizer que sou CIDADÃO DO MUNDO de tão à gosto que me sinto nos lugares aonde vou.

Alguns lugares nos marcam mais profundamente, até por motivos que não sabemos definir claramente.

Porciúncula
A Igrejinha de São Francisco de Assis - porciuncúla - foi um desses lugares significativos para mim. Não estou falando da bela igreja de São Francisco de Assis que está no alto da colina. Refiro-me à igrejinha que, segundo a tradição, teria sido construída no Sec. IV, por eremitas provenientes da Palestina e assumida por S.Bento no Sec. VI. Essa igrejinha veio a ser restaurada por São Francisco de Assis - Sec. XII - por suas próprias mãos, na sequência da uma visão, na qual lhe fora dito que teria ele a missão de "restaurar a igreja de Cristo". Está situada ao pé-da-colina, contida dentro da magnifíca Catedral de Sta. Maria Degli Angeli. Uma Igreja dentro de outra Igreja. A suntuosidade da Catedral esmaece diante da expressiva realidade da "Catedral da Fé", representada por aquela igrejinha.

Estar ali foi algo grandioso para mim. Mesmo não sendo católico, a emoção me levou às lágrimas, diante da esplendorosa energia da fé que ali, ainda permanece, impregnada naquelas pedras que foram tocadas pela mão de um dos homens mais puros da Terra. Senti-me um privilegiado ao tocar aquelas mesmas pedras.


A visita aos aposentos  "celas" e ao "Jardim das Rosas" cultivadas por São Francisco De Assis foi como uma viagem no tempo.

Ainda hoje, os pássaros se aninham por ali como se houvessem encontrado um lugar perfeito para habitação.

Entretanto, algo muito atual, também me emocionou até às lágrimas: Pude assistir à consagração de uma jovem que, naquele dia, fazia os seus votos de Freira, na pequena igrejinha. Como turista que era, foi-me solicitado sair do recinto para aquela cerimônia. No entanto, atendendo a um apelo interno, pedi licença para permanecer e assistir a toda a cerimônia. Ao todo, um grupo de menos de vinte pessoas ali permaneceram.

O que se passou então nunca mais vou esquecer. Foi uma cerimônia alegre e, no seu decorrer, a freirinha fez-se acompanhar ao violão para apresentar um canto que parecia ressoar dentro da minha alma. Talvez pela beleza dela pessoa e do seu canto melodioso, ficamos imantados naquele momento em que a fé calava os corações e unia nossas mentes com algo mais sublime que a simples realidade terrena. Jesus estava ali e abençoava aqueles votos.

Eu tive a certeza de que precisava estar ali, naquele momento, para participar daquele evento, algo que o tempo parecia reapresentar com novas pessoas físicas, em novas roupagens, mas que reprisava antigo espetáculo de que eu fora parte, em algum momento, nessa eternidade em que vivemos. Eu nunca pensei que poderia ter tantas lágrimas que, intempestivas, pulavam dos meus olhos sem parar.

Nem eu nem ninguém entenderíamos a objetividade de tanta emoção.

Ao fim da cerimônia, com o rosto banhado em lágrimas, como se aquela cerimônia dissesse respeito a mim próprio, apenas cumprimentei aquela moça sem dizer palavra, na certeza de que houve ali um reencontro de pessoas ou de lugar.

Talvez só eu estivesse vivendo aquela realidade, nesse plano mais extenso da vida.

Só sei que até hoje me emociono por ter ali estado, com pessoas que não conhecia e, por primeira vez, visitando a Cidade de Assis, na Itália.



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