A Bíblia é o livro sagrado da Religião Cristã em todas as suas ramificações. Nela estão os ensinamentos de Jesus, a narração da vida de Jesus e dos acontecimentos nos primeiros anos da Era Cristã, quando se estabeleceu o cristianismo.
Considerar sagrada a Bíblia é um dever para todo cristão. Todavia, quando se atribui à Bíblia o qualificado de "palavra de Deus", a afirmação é, no mínimo, discutível.
Quem decidiu que histórias contadas por pessoas humanas são Palavras de Deus?
É comum a alegação de que os livros de que se compõe a Bíblia foram escritos sob a inspiração divina. Tudo bem! É uma alegação difícil de provar e, mais difícil ainda, de contestar.
Todavia, permanece uma questão: Quem resolveu sobre quais escritos eram de inspiração divina e quais não foram escritos sob a mesma inspiração, sabendo-se que na montagem da Bíblia, como ela é hoje, muitos escritos foram descartados?
Quando da montagem do Novo Testamento, foram descartados centenas de escritos. Portanto, num determinado momento, alguém resolveu o que era e o que não era a palavra de Deus.
São Damásio foi o Papa eleito no período de 366 a 384 DC. Homem estudioso e muito versado sobre as Escrituras, ele publicou diversos “canôns” das Sagradas Escrituras e foi dele a decisão – Decreto do Concílio de Roma-374 DC – de quais eram os livros “autênticos” da Bíblia.
O Papa valeu-se, então do trabalho de São Jerônimo, a quem fora atribuída a missão de traduzir para o Latin os escritos sagrados existentes. Desse trabalho resultou a “Vulgata” - primeira Bíblia nos moldes das que usamos hoje em dia.
Há bastante controvérsia sobre o trabalho de São Jerônimo por haver ele mesmo afirmado ser difícil a sua tarefa de produzir um livro novo sobre escritos velhos.
Há bastante controvérsia sobre o trabalho de São Jerônimo por haver ele mesmo afirmado ser difícil a sua tarefa de produzir um livro novo sobre escritos velhos.
Se considerássemos todo o conteúdo bíblico como palavra de Deus, acabaríamos por atribuir a Deus a autoria de algumas contradições e erros e, até, por considerar como de inspiração divina, ações meramente humanas, algumas até contrárias à ética e à moral.
Vejamos duas narrativas: Quando Salomão toma para si a mulher de Urias – general do seu exército - e manda a este que combata à frente dos soldados, com o claro objetivo que morresse e quando Labão foge para as montanhas e tem filhos de suas próprias filhas. Como considerar isso palavra de Deus?
Seria isso inspiração divina? Seria isso, pelo menos, ético e moralSeeu?
Seria isso inspiração divina? Seria isso, pelo menos, ético e moralSeeu?
Outra passagem que causa espécie: A barbárie de David que cortou o prepúcio de 200 guerreiros Filisteus para agradar a Saul. Onde está a inspiração divina para essa carnificina?
Bom, se concordarmos que, nos trechos citados, não há palavra alguma de Deus e nem inspiração divina, já podemos concluir que nem todo o conteúdo da Bíblia é “palavra de Deus”. Sendo assim, já podíamos pensar que uma boa parte da Bíblia não é, exatamente, palavra de Deus e nem de Sua inspiração.
Nesse caso, como definir o que é Palavra de Deus e o que é Palavra dos Homens?
Para citar uma contradição:
Êxodo 20:5 - “Eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.”
Ezequiel 18:20 - "A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai, a iniquidade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá sobre este."
São dois textos antagônicos.
Se eu tivesse que optar por qual dos dois textos estaria mais próximo de ser "palavra de Deus, optaria pelo segundo texto citado acima. No entanto, como descartar o primeiro texto como não sendo de inspiração divina, já que ele é parte dos DEZ MANDAMENTOS, única parte da Bíblia que não teria sido escrita pela mão do homem?
A ciência já contradiz muito do que está escrito na Bíblia. Adão e Eva como os primeiros habitantes da Terra, há 6.000 anos, já cai por terra com a descoberta de restos mortais de seres humanos que viveram há mais de 10.000 anos.
E os Dinossauros que viveram há milhões de anos antes de Adão?
E a idade da terra que se expressa por bilhões de anos?
Não há razão para a religião tentar desacreditar a ciência, além do que em todas as oportunidades em que o fizeram, condenando os estudiosos à morte na fogueira, o tempo provou que os cientistas estavam certos e a autoridade religiosa estava errada.
Seria o caso de voltar a queimar todos os cientistas?
Ou seria o caso de considerar a Bíblia um livro sagrado para as religiões sem, necessariamente, considerar todo o seu conteúdo como “Palavra de Deus”?
Não sou teólogo e não tenho a pretensão de interpretar ou comentar textos sagrados. Desde logo disso eu me penitencio. Entretanto, me dou o direito de ter dúvidas e expressá-las, o que não considero impertinência e, até pelo contrário, considero uma atitude muito saudável.
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