Pronto!
Mimi em Saint Jean de Pied-Port |
Tudo estava preparado para a largada "montanhas acima". A beleza da pequena cidade francesa, encravada ao pé da montanha, evocava as paisagens dos cartões postais ou de pinturas dessas paisagens que nos extasiam.
Saint-Jean-de-Pied-Port é o ponto de partida do Caminho de Santiago na rota conhecida como "Caminho Francês". Essa é a rota preferida dos brasileiros que fazem essa peregrinação. Ali recebe o primeiro carimbo da "Credencial" que nos torna, oficialmente, mais um Peregrino do Caminho mais famoso do mundo O Caminho de Santiago.
Até hoje, quando já são passados seis anos dessa aventura, eu não saberia definir o que estava sentindo naqueles momentos iniciais da partida, aos pés dos Pirineus. Os pensamentos fluíam, controversos, pesando prós e contras daquela "aventura". Um misto de entusiasmo e vontade de desistir antes mesmo de começar. Mas, aí vinham os pensamentos: Se já estou aqui não custa nada tentar... Se outros conseguiram, eu também posso conseguir... etc. etc.
Seriam quase 800 km de caminhada atravessando toda a parte norte da Espanha para chegar Santiago de Compostela ... o campo de estrelas ... e igualar-me aos milhares de peregrinos que fazem, anualmente, essa rota de peregrinação que, se nasceu rota religiosa e piedosa, hoje já é mais uma rota turística e cultural, inclusive impulsionada pelos governos locais e pela direção do Bloco Econômico dos países do Mercado Comum Europeu.
Com 65 anos de idade e nenhuma prática de exercícios físicos, eu me dava conta de que estava diante da aventura da minha vida. Seria um desafio.
Na bagagem levava quase 10 kg no total, o que era muito mais do o adequado para uma empreitada desse tipo. Marinheiro de primeira viagem, queria levar quase tudo. Nem imaginava que o ideal era levar apenas uns 3 kg do estritamente essencial.
Pior peso era os meus quase 90 kg. que teria de carregar morro acima e morro abaixo, tarefa difícil da qual não teria como escapar.
Primeira parada |
A Mimi, minha esposa, com seus 49 kg, lépida e fagueira, não via a hora de começar a caminhar e ver realizando-se o sonho que acalentara por tanto tempo. Ela era a causa de tudo. Resolvera fazer o Caminho de Santiago e eu, de forma alguma, poderia deixa-la sozinha naquela travessia de toda a Espanha. Além da minha preocupação com o trajeto - acomodação e imprevistos - eu tinha a obrigação de dar o meu apoio moral a quem me apoiou a vida inteira.
Atravessar os Montes Pirineus seria só o primeiro desafio, ou seja, o primeiro dia da caminhada. Eu olhava para as montanhas e elas me olhavam sérias, parecendo descrentes da minha ousadia de querer vencê-las.
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