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Eusébio, Ceará, Brazil
Nasci no ano de 1940 e sou um velho espírita que vive no Brasil.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Flashes da Infância


Eu andei descalço pelas estradinhas de Minas, não podia ter sapatos e nem os queria. Atravessei córregos e riachos onde peguei lambaris para brincar. Represei água com pedras para um pequeno mergulho. Catei pedrinhas de cores e formas atraentes para guardar.

Bebi água de mina brotando da terra. Carreguei água na folha de de inhame ou taioba. Enchi moringa de água fresca. Deitei à sombra das  árvores pelo simples prazer de estar ali.

Vi todo tipo de passarinho cantando nos galhos das árvores. Armei arapuca e peguei passarinhos que depois sempre soltei. 

Comi frutas maduras colhidas do pé, no meio das matas. Colhi mel das casas de abelhas das árvores e, lógico, também fui picado por moradoras delas. 

Estrepei pés e pernas no meio dos matos e dei muitas "topadas" de arrancar unha do pé. 

Também tive bicho de pé. 

Subi em muitas árvores para apenas ficar lá em cima. 

Joguei futebol com bola de meia e briguei com os moleques da minha safra.

Olhei eclipse através da água de uma bacia.

Corri de medo de cobras que pareciam me olhar diretamente nos olhos e tomei "carreira" de boi brabo, nas estradinhas que passavam pelo meio dos pastos. 

Gostava de aprender mas preferia os momentos de recreio ou os dias de leitura na biblioteca.  Adorava minha professorinha - Deus a abençoe - Da. Therezinha Marco Perez, pelo maravilhoso trabalho de todo o meu ensino primário.

Vivi e aprendi muito durante os cinco anos em que, afastado dos familiares, dependi da caridade alheia, sob a assistência total do Educandário mantido pela Fundação Eunice Weaver, em Juiz de Fora. 

Morri de medo das "almas penadas do purgatório", de saci pererê e de mula-sem-cabeça. 

Tive medo de Deus. Rezei terços e fiz ladainhas na vivência católica. Fui à missa e comunguei, mediante a confissão prévia onde inventava ou omitia pecados. De um padre, também recebi a "extrema-unção", quando a minha vida definhava em leito de hospital.

Antes de dormir, cansado das brincadeiras de menino, deitava no chão e ficava olhando as estrelas, esquadrinhando os céus e tentando formar uma ideia daquilo tudo.

Fui menino. Fui moleque. Vivi.


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