Eu já viajei por mais de vinte países. Em alguns estive pouco tempo, noutros por mais dias e até por meses. Em todos eles pude vislumbrar lindas paisagens e apreciar pessoas vivendo o cotidiano de suas vidas.
Gosto de estar em lugares distantes do meu País, o Brasil. Considero um privilégio pisar outras terras e ver outras pessoas, em realidades distantes do meu dia-a-dia. Outra coisa interessante é que sempre me ocorre uma indagação íntima: Será que um dia vou voltar aqui? Talvez, por isso, eu tenha visitado um número limitado de lugares, sempre gosto de voltar aos lugares, talvez para ter a certeza de haver estado ali.
Nasci nas roças de Minas e andei descalço até aos 12 anos. Toquei bois nas trilhas e estradinhas e sei o que é lançar a semente ao solo e ver crescer a planta abençoada, o alimento. Viajar é para mim, portanto, como viver dentro de outra realidade, dentro de um sonho - um verdadeiro presente que sempre agradeço a Deus.
E, pensando desse jeito, ocorre-me uma curiosidade: Qual será a última paisagem que os meus olhos físicos reterão antes de deixar essa Terra? Será de uma paisagem campestre; de uma vista de rua da cidade; de uma noite escura e fria ou de um céu estrelado? Será a da solidão de quatro paredes de um quarto de hospital ou do aconchego de pessoas amadas ao meu redor?
Se eu tiver lucidez para lembranças agradáveis, gostaria de lembrar, então, de um dos nossos grandes rios brasileiros ou de uma das nossas lindas cachoeiras. Adoro as águas e,lembrando-as, seria como partir seguindo em um rio, seria como formar a imagem de minha alma seguindo em paz e tranquila no fluxo das águas do rio da vida eterna, caminhando serena para habitar outras mansões desse Universo, criadas por Deus.
Depois que me tornei Espírita recebi a paz e a serenidade quando me lembro do de que vou morrer. Passei a ver a morte como um fato natural e como uma porta para as outras realidades que já conheço ou que preciso conhecer. Nenhum medo ou apreensão, apenas tranquilidade de haver cumprido uma etapa da vida.
Tenho muito medo de dor e de sofrimento mas, até isso, entrego nas mãos de Deus com a certeza de que tudo que me vier, vem aprovado por Deus, e tudo se constituirá em ensino e aprendizado. Mas, ainda assim, aprecio as mortes inesperadas, sem dor e sem muito sofrimento.
Iniciei este tópico falando de nossas lindas paisagens terrestres e, nesse diapasão, fico a imaginar que lindas paisagens poderei encontrar no mundo astral ou espiritual. Não me refiro à imagem disseminada de anjos tocando harpas e cantando melodias. Refiro-me às imagens verdadeiras de outros mundos, outras pessoas, outras cidades, outras artes, outras músicas e concertos. Refiro-me à vida que segue verdadeira e eterna, levando a alma pelo caminho da perfeição, para esferas mais próximas de Deus. Eu tenho "saudades" - uma nostalgia - desse futuro-presente-passado, de uma vida que não sei se já vivenciei, mas sei que viverei: Mais perfeita, mais alegre e mais feliz.
Todos estamos caminhando para uma vida assim. Todos nós estamos aqui construindo essas "vidas" futuras, nessa eternidade da qual somos partes e da qual não nos furtaremos de vivenciar.
Eu sei que ninguém se torna "bom" apenas porque morreu. Somos o que somos e seremos o que somos. Nosso merecimento nos levará aos lugares da nossa futura habitação.
Paz e felicidade nos esperam, mas, também, podem nos esperar tristezas e sofrimentos. Para viver a realidade do bem futuro é preciso construir essa realidade possível no bem aqui "enquanto estamos a caminho".
Deus nos abençoe em nossos propósitos de cultivar o bem e de melhorarmos sempre.
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