CONSULTAR OS MORTOS
Uma pessoa amiga, sabedora de que sou Espírita, pediu-me que lhe
dissesse o que penso sobre a proibição bíblica de consultar os mortos, imposta
por Moisés ao Povo Judeu, que está contida no Capítulo 18 do livro
Deuteronômio, um dos 5 livros bíblicos que compõem o Pentateuco.
Antes da resposta, quero dizer que gosto muito de conversar sobre
fé e espiritualidade, assuntos que me fascinam desde criança. Acho que a fé é a
coisa mais bonita que possuímos, a qual ninguém pode nos dar ou tirar, já que é
um sentimento único e individual. Para mim é um tesouro do qual não abriria mão
por nada.
Eis a minha resposta:
"Vou dizer o que penso sobre os versos 10 e 11 de
Deuteronômio 18, que proíbem consultar os mortos. Para isso, preciso dizer,
preliminarmente, que o Espiritismo, como doutrina, não se ocupa dos tópicos
mencionados: "adivinhador,
prognosticador, agoureiro, feiticeiro, mágico, encantador" e nem do
último item que é específico sobre "consultar
os mortos".
Para enfocar o assunto, preciso abordar algo do que concerne à
Doutrina Espírita e o faço sem intenção de predicar ou tentar influir sobre a
sua fé e crença: O Espiritismo não procura adeptos.
A Doutrina Espírita é um conjunto de verdades espirituais -
reveladas aos homens - cujo único propósito é o melhoramento da humanidade.
Para nós, que aceitamos esse conhecimento, a DE é o complemento dos
ensinamentos de Jesus, aqueles que o Mestre se postergou para ensino futuro,
quando disse: "Muitas coisas teria
para vos ensinar... mas ainda não estais preparados".
Sobre falar com os mortos:
No Espiritismo não invocamos “os mortos” para deles saber a
opinião sobre o que quer que seja. Quando Espíritos sofredores ou sem luz são
trazidos a uma reunião espírita, o fato se dá para que esses Espíritos sejam
esclarecidos sobre a realidade espiritual e a necessidade de reverem seus atos
e caminharem para a Luz.
Apresentamos aos “mortos” os ensinamentos e as virtudes pregadas por
Jesus. Os espíritos são trazidos à realidade terrena porque no globo terrestre
eles conseguem sintonia e vibração condizentes com as suas necessidades. Não
poderiam ser levados às esferas superiores da espiritualidade porque não
suportariam a luz e a vibração desses lugares celestes. Enfim, falar com os
mortos se nos afigura uma missão de caridade espiritual promovida pelos Guias
Espirituais, através dos voluntários terrenos que chamamos de Médiuns.
Sobre isso, haveria muito o que
dizer. Há referências bíblicas marcantes sobre o "falar com os
mortos":
·
quando Moisés proibiu a invocação dos
mortos;
·
quando Saul procura uma pitonisa e,
através dela, fala com o Espírito do Profeta Samuel e;
·
quando Jesus conversa com Elias e
Moisés, no Monte Tabor.
Esses a quem nos referimos como “os mortos", estão vivos e
caminham para a Luz. Eles já cumpriram uma etapa de vida terrestre nessa missão
de progredir sempre. Vieram para aprendizado e resgate e renascerão em nova
oportunidade de progredir.
Os espíritos não são sábios e nem sabem do futuro. São homens sem o
corpo terrestre, alguns perambulando em trevas, em sofrimento, e alguns que se
divertem praticando o mal e enganando pessoas que lhes dão ouvidos. Muito se
equivocariam os que pretendessem obter conselho dos “mortos”.
Dito isto, a proibição de
Moisés se torna lógica e proveitosa, porque os mortos não sabem mais que os
vivos e, quase sempre, até sabem menos que os homens.
Se falar com os "mortos" fosse uma determinação de Deus,
Jesus não a teria descumprido, falando com Moisés e Elias. Ele mesmo, Jesus,
disse que não veio para derrogar as leis e sim para cumpri-las.
Desculpe pela extensão da resposta, mas o assunto é complexo e
impõe muitas considerações. Procurei ser sucinto quanto pude.
Renovo o que disse: adoro conversar sobre temas religiosos, sem confronto ou fanatismo, guardando cada um a paz com a sua consciência. Fique à vontade para novos papos. Abraço."
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